A alegria é uma rapariga que me visita em raros dias
Não é mormaço, é o conforto da hipocundria
É descaso, indiferença e poesia.
E da sensação do infortúnio generoso
Um carro branco encosta, desliga-se o motor e as janelas sobem.
O passageiro desce, de encontro a outro grupo de pessoas do outro lado da rua, eles se cumprimentam e vivem o momento, um momento duvidoso.
O dono do carro resolve sair, acompanhado de uma mulher com a qual meus olhos não enxergaram direito, e vai até a esquina, sua sina é duvidosa.
Após alguns instantes, pessoas inspiram fortemente pelas narinas, a ponto de fazer a esquina toda escutar, eles consomem.
O passageiro do banco traseiro encontra o motorista e se despede.
O motorista com a cara de quem não dorme há dias, diz adeus com um ar estupefato, cansado do que faz, livre com a sua impunidade, mas aprisionado pelo que sua alma provavelmente vá pagar.
Ontem mesmo Deus quis brincar com o céu
E em todas suas cores belas, me fez lembrar de você.
Hoje mesmo, prometo abrir a janela
E deixar que o sol ilumine, minha cama, sua cama.
Hoje mesmo prometo, sairá do papel
O meu pedido de casamento
Por você eu cozinho e danço
E logo digo que não me canso, fácil de você.
Ontem mesmo tive um sonho com você
Misterioso e arredio
Sinto mesmo, se eu avacalhei
Eu sei, todos querem amar também.
Garoto solitário procura pretendente
Pra deixar de desfrutar sozinho seu domingo
Alma carente, sentidos aguçados
Deixe a saudade atormentar quem vem ao lado
Indiferente, procura diversão
No fim se esconde pra não cair em tentação
Economista, viciosa e senil
Não vê mais condições para o Brasil
Nem toda frança é drama
Toda preguiça é cama, eu sei.
Todo escrito é lido
E no final tudo bem.
Ela disse que te ama
Na cama, na cozinha e na sala de estar
Ele disse que não te quer santa
Quer te comer, beber, até saciar.
Garoto e garota, andando de mãos dadas
Procurando a velhice e solidão
Sapato preto, bengala, óculos e sorriso
O casal acena em final festivo.
Como o Deus doente que o seu vizinho confia
Você perdeu todo o juízo que tinha
Quando resolveu partir
Diz ser capaz de encontrar sozinha a paz
Mas sabemos que você não é mais
Quem costumava sorrir
Com os olhos cheios de mágoa
Com os punhos cerrados de raiva
Não há água fresca que te acalme
Não há um salmo que te salve
Diz perdoar, mas nunca estendeu a mão
Fez-se surda e então ecoou o "não"
Ser sensível não te serve
Não se perde o que não se teve
Sabes bem o seu caminho
Se confias em destino, acredita em mim
Ages como se fosse divina
E pegando um desvio, atrasa, mas ao fim diz um sim.
23fev.10