quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Ato 2

O drama é a minha veia mais viva
A alegria é uma rapariga que me visita em raros dias
Não é mormaço, é o conforto da hipocundria
É descaso, indiferença e poesia.

Gosto de um blues piedoso
E da sensação do infortúnio generoso
Que não te deixa levantar
Caso você não queira suplicar

E é nessas horas que eu olho para o céu
E me pergunto onde vim parar...
O cambalache continua, toda vida a rodar
Caso não queira vender sua alma
Acredite uma hora alguém irá sugar
Com um beijo, afagos, mas muito escárnio por detrás.
Com vida, sem vida, com chorosos risos
Como toda sorte e azar

Ato 1

Diga não à depressão
Abra a janela e deixe o sol entrar
sinta a alegria de poder respirar
bem...

Não cave sua cova pra se garantir
viva o que vier, faça o melhor que puder
Troque um sorriso por tudo aquilo que não é mais preciso
Faça bem

Faça o melhor por si
E pra qualquer que possa vir
Sorria e faça sorrir
bem, faça bem!

sábado, 11 de dezembro de 2010

Primeiro Cigarro (Cocaína).

Um carro branco encosta, desliga-se o motor e as janelas sobem.

O passageiro desce, de encontro a outro grupo de pessoas do outro lado da rua, eles se cumprimentam e vivem o momento, um momento duvidoso.

O dono do carro resolve sair, acompanhado de uma mulher com a qual meus olhos não enxergaram direito, e vai até a esquina, sua sina é duvidosa.

Após alguns instantes, pessoas inspiram fortemente pelas narinas, a ponto de fazer a esquina toda escutar, eles consomem.

O passageiro do banco traseiro encontra o motorista e se despede.

O motorista com a cara de quem não dorme há dias, diz adeus com um ar estupefato, cansado do que faz, livre com a sua impunidade, mas aprisionado pelo que sua alma provavelmente vá pagar.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

:)

Ontem mesmo Deus quis brincar com o céu

E em todas suas cores belas, me fez lembrar de você.

Hoje mesmo, prometo abrir a janela

E deixar que o sol ilumine, minha cama, sua cama.

Hoje mesmo prometo, sairá do papel

O meu pedido de casamento

Por você eu cozinho e danço

E logo digo que não me canso, fácil de você.


Ontem mesmo tive um sonho com você

Misterioso e arredio

Sinto mesmo, se eu avacalhei

Eu sei, todos querem amar também.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Garoto e Garota

Garoto solitário procura pretendente

Pra deixar de desfrutar sozinho seu domingo

Alma carente, sentidos aguçados

Deixe a saudade atormentar quem vem ao lado

Indiferente, procura diversão

No fim se esconde pra não cair em tentação

Economista, viciosa e senil

Não vê mais condições para o Brasil

Nem toda frança é drama

Toda preguiça é cama, eu sei.

Todo escrito é lido

E no final tudo bem.

Ela disse que te ama

Na cama, na cozinha e na sala de estar

Ele disse que não te quer santa

Quer te comer, beber, até saciar.

Garoto e garota, andando de mãos dadas

Procurando a velhice e solidão

Sapato preto, bengala, óculos e sorriso

O casal acena em final festivo.


Do lado de fora da janela

Chuva a chuva
Pingo a pingo
O sorriso lá dentro
Contrasta com a gota da chuva misturada com lágrima
Ah inveja...
Se a inveja tomasse cor e forma, seria descrita em tal imagem
Pensando em tragos
Cigarro a cigarro
Bitucas em meio a cinza
O desespero necessita de um sorriso leviano às vezes.
No momento mais tranquilo que encontrar
Pare, respire, não deixe esse mundo te enganar
Há sempre algo especial a espera
No mínimo, poderá contar essa mentira aos próximos sobreviventes
No labirinto presente em cada coração, há o medo de se perder
Há medo em vestir a mesma roupa
Há medo em voltar pra casa sempre no mesmo horário
Há medo da rotina, a ausência do sorriso
Por fatos na história, é conveniente se afastar
Fechar-se pro mundo alheio.
Concentrar todas as forças pra desvendar seus próprios mistérios
Migalha por migalha
Pétala por pétala
Bituca por bituca
Lágrima por lágrima, gota por gota, até que as mesmas se misturem.


Não.

Como o Deus doente que o seu vizinho confia

Você perdeu todo o juízo que tinha

Quando resolveu partir

Diz ser capaz de encontrar sozinha a paz

Mas sabemos que você não é mais

Quem costumava sorrir

Com os olhos cheios de mágoa

Com os punhos cerrados de raiva

Não há água fresca que te acalme

Não há um salmo que te salve

Diz perdoar, mas nunca estendeu a mão

Fez-se surda e então ecoou o "não"

Ser sensível não te serve

Não se perde o que não se teve

Sabes bem o seu caminho

Se confias em destino, acredita em mim

Ages como se fosse divina

E pegando um desvio, atrasa, mas ao fim diz um sim.


23fev.10